Por Rama Chanda – Especial para o Guru da Cidade
Os amantes do turismo de aventura podem se preparar para a incrível experiência que é conhecer as maravilhas de Vila Bela da Santíssima Trindade, a 540 km de Cuiabá.
Foto: Rama Chandra
Rica em história, Vila Bela é conhecida por ser a primeira capital do Estado de Mato Grosso. Um reduto negro, onde as pessoas escravizadas permaneceram quando os senhores partiram para a nova capital Cuiabá. Assim os negros puderam expressar sua própria cultura e construir uma cidade de acordo com os seus ideais.
A cidade é um museu a céu aberto, pois no centro encontra-se a bela ruína da antiga Igreja Matriz, com alicerce de pedra canga. Outras casas coloniais podem ser observadas, além dos artefatos do Museu Histórico e Arqueológico da cidade. Quem visita Vila Bela, no mês de julho, pode conferir a belíssima Festa do Congo, que simboliza a resistência negra pela dramatização de uma luta entre dois reinados africanos.
Uma turma de amigos visitou Vila Bela e, todas as histórias, aventuras e belezas naturais do lugar, você confere no texto do fotógrafo e redator publicitário, Rama Chandra, produzido sobre a viagem, especialmente, para o Guru da Cidade.
Foto: Rama Chandra
Com uma turma animada e um feriado prolongado para aproveitar, saímos de Cuiabá em uma quinta-feira de madrugada para enfrentar os 540 km de asfalto até Vila Bela para conhecer especialmente o Parque Serra Ricardo Franco. Chegamos na sexta-feira de manhã na pacata cidade e pudemos visitar as ruínas históricas e fazer mais algumas compras em um mercado, pois nosso objetivo era acampar e não haveria mercado próximo do local de camping. Seguimos rumo ao sítio que nos recebeu, 16km de estrada de chão com a bela paisagem da serra.
O sítio era aconchegante e estava se estruturando para receber visitantes, mas super atendeu nossa turma de aventureiros. Chegamos, montamos nossas barracas e nos preparamos para o primeiro passeio a um cânion. Mas nem sempre é fácil chegar em lugares paradisíacos, pegamos uma trilha e saímos em um córrego cheio de pedras. Seguimos por cerca de 2km córrego acima até chegar no cânion, o que fez subir 2 pontos no nosso índice de sobrevivência no cerrado, com a habilidade de andar sobre pedras.
Foto: Rama Chandra
Chegamos ao cânion e ficamos maravilhados, a sensação foi de “caaaara, isso existe!”. Uma paisagem singular e fascinante surpreendeu a todos, com água cristalina em tons de esmeralda. Não sei precisar, mas as paredes do cânion são bastante altas, já a extensão em época de chuva devia ter 50 metros e a profundidade cerca de 7 metros.
Pudemos então nos deliciar com este paraíso natural, saltamos de pedras, atravessamos o cânion a nado e fizemos muitas fotos e vídeos pelo caminho. Regressamos ao camping onde nos esperava uma grande panela de arroz com galinha para nossa alegria. Ainda deu tempo para bater um papo e apreciar um maravilhoso céu estrelado antes de descansar.
Levantamos cedo e nos preparamos para o que seria uma longa jornada, mas também uma das melhores experiências de nossas vidas. Voltamos ao rio de pedras e pegamos uma trilha rumo à Cachoeira do Arco-íris, no caminho passamos por uma pequena cascata e seguimos o córrego. Em um trecho é preciso atravessar a nado, daí a importância de bons condutores, que tragam colete salva-vidas para os que não sabem nadar e saco estanque para proteger nossos pertences na travessia.
Cachoeira Arco-iris – Foto: Rama Chandra
Chegamos pela manhã, enquanto o sol ainda incidia sobre a bela e aconchegante cachoeira Arco-íris. Aproveitamos muito bem e subimos uma ladeira acima da cachoeira com o apoio das cordas instaladas no local, lá se encontra a charmosa cachoeira da Esmeralda, que tem um poço pequeno ótimo para banho, um tobogã natural e outro poço próximo à queda da cachoeira Arco-íris, mas que nos pareceu bastante seguro devido a formação das rochas.
Enfim, seguimos para a cachoeira mais esperada, a maior de Mato Grosso e quarta maior do Brasil com cerca de 250 metros, a maravilhosa cachoeira do Jatobá. Voltamos parte da trilha e subimos morro acima, passado o trecho de subida a trilha fica mais tranquila. Chegamos na parte superior de uma grande cachoeira, seria enfim a cachoeira do Jatobá, fizemos mil fotos e depois descobrimos que na verdade era a cachoeira dos Macacos, também linda, mas com apenas 80 metros, nosso guia nos enganou.
Foto: Rama Chandra
Caminhamos mais alguns metros e se revelou em meio ao cerrado uma cachoeira com duas quedas de água e um precipício que não dava pra ver o fundo. Era, enfim, a magnífica cachoeira do Jatobá, em um grande cânion que era possível avistar as nuvens e o vapor de água subindo. Um arco-íris se formava em meio à cachoeira, uma sensação quase indescritível da nossa insignificância diante a grandiosidade da natureza. Caminhamos em torno do cânion e pudemos banhar na parte superior da cachoeira e contemplar a paisagem fascinante da cabeceira. Voltamos ao acampamento exaustos e assim que possível descansamos, pois ainda restava um dia de aventuras.
No último dia seguimos de van até a entrada da cachoeira dos Namorados, fizemos uma trilha curta, passamos por córregos e logo nos deparamos com mais uma encantadora cachoeira. Esta é a cachoeira de mais fácil acesso que visitamos e não deixou a desejar. Com cerca de 70 metros e um grande lago esmeralda, pudemos nadar, flutuar e fazer muitas fotos e vídeos bacanas. Esta cachoeira me lembrou a Serra Azul de Nobres, tamanha a sua beleza. Por fim, seguimos viagem de volta para Cuiabá com a sensação de ter vivido uma experiência única e a certeza de que voltaremos em breve.
Quer mais? Assista ao vídeo que o grupo Galera Só Bora fez desse passeio sensacional
vale a pena saber que, atualmente, o Parque Serra Ricardo Franco corre o risco de ser extinto e necessita de apoio popular para a sua preservação. Saiba mais sobre o movimento em defesa do Parque em www.sosricardofranco.eco.br e some forças nessa luta.
Dicas importantes
Observe em que época do ano estamos, nossos registros são de fevereiro de 2017, estação de chuvas em Mato Grosso, em época de seca as paisagens são diferentes, busque informações, pois não abordamos tudo que há de belo no município. É recomendável ir a Vila Bela com o acompanhamento adequado, com um guia ou agência de turismo competente, que conheça bem suas rotas, tenha os equipamento necessários e saiba orientar o passeio, pois há certos riscos que demandam atenção, com por exemplo o uso de calça, calçados e tornozeleira para trilhas.
A agência Amigos de Trilha é a que faz esta rota a mais tempo, mas há outras opções como a Adrenalina MT e a Roots Ecoturismo, que nos assessorou nesta viagem. Recomendamos também o nosso parceiro motorista Joceli Felisberto, vulgo Tiririca, com sua nave van e também o Sitio Recanto 7 Quedas, do Rodrigo Soares, que dispôs do seu sítio e de sua alegria para nos receber. Segue abaixo os contatos para que realize essa trip maravilhosa com segurança.
Agência Amigos de Trilha: (65) 99927-1386
Agência Adrenalina MT: (65) 99917-6527
Roots Ecoturismo: (65) 99938-2844
Joceli Felisberto / Transporte de Van: (65) 99976-7753
Rodrigo Soares / Sitio Recanto 7 Quedas: (65) 99805-3241
Rama Chandra é fotógrafo, redator publicitário, videomaker, aventureiro de plantão e incentivador do ecoturismo em Mato Grosso. É Bacharel em Comunicação Social e Mestre em Estudos de Cultura Contemporânea pela Universidade Federal de Mato Grosso.
Cachoeira Jatobá
Fonte : https://gurudacidade.com.br/2017/07/20/cachoeiras-canions-e-aguas-cristalinas-descubra-as-maravilhas-de-vila-bela/
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